segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Olá, o meu nome é César

Olá, o meu nome é César e aprecio bastante o sobranceiramente activo som que exalas dessas tuas narinas, agudas e pérfidas, que me levam ao êxtase. Desdenho cada pedaço, animal, vegetal ou feminino, de prazer que me possas cuspir à cara. Essa indolente carne suja que alimenta cada cão que passa e uiva de fervor ao simples cheiro da sua textura, ao simples latir do seu sabor, ao simples ganir da sua dor, essa carne é inócua de Ti. Há em Ti algo de puro, etéreo, um sabor jamais sentido pelos cadáveres alheios, não mais que tu, não mais que tu.
Não digas agora que não, pois eu sei que sim. Queres negar a essência do auto-flagelamento carnal que provocas à tua placidez inerentemente natural, mas não és capaz de me transcrever do teu livro académico os argumentos que provocam tal ímpeto sádico-masoquista. Ao som da sexta dor, degolas do teu ventre a identidade que em Ti não queres que exista e permites ao carrasco alimentar essa fantasia de uma digna morte de eterno esquecimento.
Eu sou o César e só queria dizer que vai passar.